sábado, 23 de outubro de 2010

Carta


















Gaivotas passam num voo rastejante
Que nem víbora que esconde a sua presa
Como o sol que sucumbe ao horizonte
E o laranja que vagueia pelo céu de verão
Bate…ondeia…frio…bate…
Enrola…quente…toca…enrola…
Passeia num caminho de noite molhado
Tal como seixos num trilho à sorte
Vermelho de paixão no negro azul
Este é o som do silêncio do depois
Não chegues…fica…vai, mas volta…

quinta-feira, 25 de março de 2010

Fado

Estou desejosa pela rajada de vento que me vai afastar os cabelos da face, do orvalho quase a gotejar pelos candeeiros cinzentos de metal, frios mas tão quentes de luz.
Andar pela pedra da calçada que não escorrega e não deixa enganar no caminho; aconchegar o casaco, buscando inconscientemente um abrigo seguro.
Abrir aquela porta de ouro e sentir o conforto da madeira, nem muito escura, nem muito clara, e a suavidade dos veludos que a cobrem.
Mas não pensem que o que me faz voltar é apenas isto… é o relembrar da minha vida e de tudo o que dela parte fazia.
Acordar gelado e preguiçoso, consumido pela vontade de querer mais e mais…sem nunca parar e até sem nunca errar. Sacrifício não era, desconhecidamente, conhecido.
O chegar a casa e ter mais do que fazer, alguém para além de mim que compreender e até aqueles a quem me dava a entender.
Agora mudam as horas, os tempos, os locais, as pessoas, os momentos, a casa e eu.
Tudo isto é triste…tudo isto é Fado…

sábado, 20 de março de 2010

Melancholic Ballad






Hoje escrevo...
...não porque tenha alguma coisa para escrever, para dizer, para partilhar
Porque sinto que o devo fazer
Simplesmente é o que quero
Sei que há alguém que precisa de um conforto e eu assim o espero confortar
Ou talvez de uma mão que, dada, ajude a caminhar
Uma música que o vá alegrar.

Um simples desabafo não é fácil esconder
Talvez tu um dia o vás saber
Agora não
É muito cedo...ou muito tarde...depende...

Às vezes tento acreditar que também não o sei
Em vão
Porque será que escrevo?
Não sei
E é isso
E já é demais para saber

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Palavras correm


















Palavras doces
Escorregam pelos teus lábios
Promessas eternas e duradouras
Palavras bonitas, gestos vários…

Mas expressões do coração
Que amaciam o veludo carmim
Nunca devem ser ditas em vão
Valem muito mais assim:
Quando há razão.