quinta-feira, 25 de março de 2010

Fado

Estou desejosa pela rajada de vento que me vai afastar os cabelos da face, do orvalho quase a gotejar pelos candeeiros cinzentos de metal, frios mas tão quentes de luz.
Andar pela pedra da calçada que não escorrega e não deixa enganar no caminho; aconchegar o casaco, buscando inconscientemente um abrigo seguro.
Abrir aquela porta de ouro e sentir o conforto da madeira, nem muito escura, nem muito clara, e a suavidade dos veludos que a cobrem.
Mas não pensem que o que me faz voltar é apenas isto… é o relembrar da minha vida e de tudo o que dela parte fazia.
Acordar gelado e preguiçoso, consumido pela vontade de querer mais e mais…sem nunca parar e até sem nunca errar. Sacrifício não era, desconhecidamente, conhecido.
O chegar a casa e ter mais do que fazer, alguém para além de mim que compreender e até aqueles a quem me dava a entender.
Agora mudam as horas, os tempos, os locais, as pessoas, os momentos, a casa e eu.
Tudo isto é triste…tudo isto é Fado…

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